O PRECONCEITO ÉTNICO RACIAL NA LITERATURA BRASILEIRA
Palavras-chave:
LITERATURA, PRECONCEITO, ETNIA, CORResumo
A presente pesquisa possui como objetivo analisar e buscar as razões pela origem da enorme divergência de representatividade de escritores não-brancos brasileiros. É inegável que a nossa literatura é extremamente desvalorizada. Entre os principais problemas, como o custo de produção que impacta diretamente no valor final, também existe uma supervalorização de livros estrangeiros, em especial, nas instituições de ensino. Segundo o escritor e jornalista Nelson Rodrigues, o povo brasileiro apresenta a Síndrome de Vira-lata, ou seja, a população admira e enaltece aquilo produzido em países desenvolvidos (como Inglaterra, França e Estados Unidos) e menospreza o que é produzido em próprio solo. Além da desvalorização cultural, o Brasil apresenta outro grave problema em sua composição: o preconceito estrutural. A nação brasileira foi criada a partir do mito de uma sociedade justa, conhecida como democracia racial, o que foi desmistificado pelo historiador Florestan Fernandes. Esse estudo é comprovado com base na análise de dados feita a partir de uma pesquisa de campo realizada com diferentes grupos sociais e níveis de graduação divergentes. A primeira pergunta teve como propósito identificar como as pessoas classificavam a própria leitura. A partir das respostas, percebe-se que 63,6% de cursistas do ensino médio consideram ter um uma leitura satisfatória, enquanto, apenas 28% dos graduados mantêm um hábito de leitura contínuo. Portanto, percebe-se que ao serem inseridos no mercado de trabalho, existe uma tendência de decaimento no hábito literário, devido à extensa jornada de trabalho junto da falta de incentivo. A segunda pergunta teve como intenção questionar o tipo de livros que os entrevistados consumiam. De acordo com a coleta de informações, torna-se perceptível que embora a leitura nacional esteja presente na vida dos brasileiros, a internacional apresenta uma dominância independente do grau de formação. A terceira questão teve como finalidade perguntar sobre a raça e etnia de escritores que os entrevistados estão acostumados a ler. Segundo os dados obtidos aproximadamente 86% dos entrevistados não conheciam mais de quatro escritores não brancos. Em suma, é evidente que o sucesso na indústria literária tem cor, língua e cultura. Por fim, a quarta pergunta teve como intuito identificar a raça/etnia dos autores que fogem do padrão dominante, no caso o branco. Conforme a coleta de informações, é inegável dizer que existe uma marginalização dentro de grupos marginalizados. Em relação à pesquisa, foi percebido que poucas pessoas tinham o conhecimento de autores indígenas e amarelos, enquanto, pretos e pardos eram mais facilmente conhecidos. Apesar desses dados, não significa que estes têm um grande espaço no mercado de trabalho, pelo contrário, os povos originários e os imigrantes possuem um espaço muito reduzido. Dessa forma, conclui-se que a etnia e a cor de pele, acabam importando mais do que o conteúdo, tanto do livro como da pessoa. Assim, embora existam grandes escritores negros, indígenas e amarelos, eles não serão valorizados como um escritor branco.